O texto do David Coimbra, publicado no Jornal Zero Hora, em 05 de fevereiro de 2010, impressiona.
Não por que se revela audaz ou revolucionário nos seus fundamentos – ao contrário. Traz à massa o que já foi/é amplamente difundido em cadeiras de Criminologia e, com sorte, em aulas de Direito Penal travadas nos bancos de graduação e de pós-graduação de Faculdades de Direito.
Não por que critica um “movimento” de intolerância que permeia os discursos legislativos, midiáticos e, tiranamente, jurídicos.
Mas porque se vincula a um veículo de comunicação social que, tradicionalmente, promove “crime waves”, emprega manchetes aterrorizadoras, vende o espetáculo da criminalidade, põe na berlinda gestores públicos e, subliminarmente, conclama a opinião leiga a reivindicar mais sangue.
O texto “Os presos do Brasil” se contrapõe até mesmo à opinião de outros colegas periodistas, habituados à construção da página policial com suas matérias que, por vezes, distorcem fundamentos de julgamentos e falas de julgadores sob o escopo de seu próprio (e ingênuo) pensamento: “ser o caos a soltura de pessoas condenadas”.
Inserido no espaço “opinião”, o desabafo de Coimbra adquire destaque. Não colaciona imagens, não é encabeçado por frases de efeito, não busca a simpatia do leitor.
Talvez por isso, e a despeito de todas as possíveis críticas que enseja(rá), satisfaça tanto.
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